Descrição
Um homem havia perdido vários parentes, assassinados durante a Guerra Civil espanhola por milícias do grupo republicano. Estava desconsolado, e queria erguer no local do assassinato – um cruzamento de estradas – uma grande cruz, como memória do crime ali cometido. Entendia-o como um ato de justiça: não deixar cair no esquecimento a barbárie promovida contra os seus familiares.
Com essa ideia em mente, foi conversar com um padre. Ao comentar-lhe o seu projeto, ouviu do sacerdote um conselho que o desconcertou: «Não deve fazê-lo, porque o que o move a agir assim é o ódio: não será uma Cruz de Cristo, mas a cruz do diabo». A cruz não foi colocada, e aquela pessoa soube perdoar.
Perdoar é uma das ações humanas mais difíceis. A injustiça provoca uma reação intensa, e muitas vezes parece que perdoar seria um equívoco, como se fosse uma aprovação da agressão, uma aceitação covarde do mal sofrido.
É difícil também porque o perdão não é indiferença, frieza ou insensibilidade perante o mal: implica sofrer, sentir a pena, e depois perdoar, desculpar de coração o outro. Talvez por isso se diga que perdoar às vezes está acima das forças humanas.
É o drama humano. Viver sem perdoar é tremendo, gera não raras vezes diversas doenças psíquicas, mas… como perdoar sempre?
Como viver bem com o passado? Como assimilar as experiências pessoais negativas? Não há respostas prontas para essas perguntas. Não existe caminho fácil, ou melhor, o caminho sempre precisa ser aberto por cada um. Cada pessoa deve encontrar as suas respostas, o seu itinerário.
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