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CARTA AO AUTOR
Meu reverendo e caro Padre
Muito obrigado por me ter dado ensejo de ler o seu novo livro Dicionário da Doutrina Católica. É um dicionário popular, sem dúvida, mas muito útil e oportuno.
Se a frase do Pe. Mateo, o povo português é o melhor do mundo mas é muito ignorante, é um pouco exagerada quanto à primeira parte, é bem certa e verdadeira quanto à segunda.
A ignorância em assuntos religiosos, mesmo entre a classe culta, é tão grande que por vezes nos espanta e entristece-nos sempre.
Urge combater com todas as nossas forças essa praga, causa de muitos outros males morais.
Ao sacerdote mais do que a ninguém compete ser a luz do mundo e «ir por toda a parte ensinar todos os povos».
Quantas vezes o nosso bom povo pede pão e não há quem lho reparta? (Lam. IV, 4).
Após os numerosos livros e opúsculos de V. R.ma: O Santo Evangelho de Jesus Cristo, Cartas confidenciais sobre o Casamento, Considerações Cristãs, Lições de Doutrina Católica, Vida dos Santos do Calendário Romano, Catequese Prática, Hora Santa, Quadros da História Bíblica, Como Pedrinho conheceu Jesus, O meu livro de Doutrina e de Missa», etc. este vem em boa hora e irá por toda a parte espalhar a boa doutrina. A sua luz modesta, mas segura e clara, muito poderá contribuir para esclarecer os espíritos ávidos de verdade. A todos dará conhecimentos sobre a doutrina católica, em alguns talvez desperte a vontade de a aprofundar mais.
Felicito V. R.ma por teimar em não pôr debaixo do alqueire a candeia acesa e em praticar obras boas, luminosas, das que recomendava o divino Mestre: «luza a vossa luz diante dos homens de tal sorte que, vendo as vossas obras boas, deem glória a vosso Pai que está nos céus» (Mt. V, 16).
Glorificar a Deus, contribuindo para o bem do povo, é bem realizar o belo lema de que fala o Doutor Angélico: contemplata aliis tradere, dar aos outros o fruto da sua contemplação.
Contemplação que é o resultado do estudo e da oração, da graça de Deus e do esforço pessoal. Estudo e esforço que frequentemente são um sacrifício, uma penitência, sobretudo quando outros trabalhos apostólicos absorvem a nossa atividade e nos vão roubando com o tempo as forças e o vigor do espírito.
Ainda assim é para desejar que V. R.ma se imponha muitas destas penitências para bem do povo cristão. Feliz penitência que tão «dignos frutos» produz e que animada pelo amor de Deus e do próximo tanto pode merecer!
Aceite, reverendo e caro Padre, com as felicitações e os agradecimentos reiterados, a expressão de estima e dedicação do
- R.ma
ínfimo servo em J. C.
Porto, Páscoa da Ressurreição de
Nosso Senhor Jesus Cristo, 1-IV-1945.
Fr. Tomás Maria Videira O. P.
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